Para que é que eu vou ir no psicólogo?
Dizem eles.
Para que é que eu vou contar meus problemas para alguém que não me conhece?
Dizem eles
Eu não estou maluco! Não vou pagar pra alguém me ouvir
Dizem eles
Assim disseram eles por muito tempo.
Vivemos a vários anos com a psicologia sendo rechaçada, desacreditada por muitos e acredito que teremos vários anos pela frente para poder desmistificar todo esse rebuliço. Como? Trabalhando com seriedade, ética estudando e olhando cada paciente como a flor mais importante do jardim. Para a flor crescer e se manter saudável é preciso cuidá-la, olhar para ela, conversar com ela (dizem os entendidos no assunto) e o que somos nós se não jardineiros da alma humana? Capazes de transformar o setting em um jardim, e no meio de flores poder com delicadeza retirar os espinhos que as machucam, podá-las, colocar um fertilizante quando estão fracas, e as ajudar a florescer nos mais variados campos para embelezar o ambiente.
Rosas, violetas, margaridas, cravos cada uma com seu aspecto, com seu aroma, com seu formato fazendo parte do mundo e embelezando, porém, não sem espinhos, porque faz parte do nosso cotidiano ter espinhos, e faz parte da vida do psicólogo os retirar, ou deixar eles menos doloridos. Aliás quem de nos não os tem? O importante é ter o olho de alguém que aprecia a alma humana como a flor mais linda do jardim, é ter a delicadeza do cirurgião mais competente do mundo para retirar o espinho e continuar plantando amor e aromatizando os ambientes.
Então eles as vezes me questionam para que fazer tratamento/ análise? Eu me viro, sorrio e respondo que é justamente para retirar a dor, a dor que não só a doença trouxe, a dor que o passar dos anos veio trazendo na bagagem.
Mas e o que isso tem haver com doenças raras? TUDO , pois além da família e dos amigos mais próximos é o profissional que vai estar ali te auxiliando quando você recebe uma notícia cheia de espinhos, que crava e dói o coração, me arrisco em dizer que as vezes até sangra, e muitas vezes as pessoas do senso comum até dão um suporte legal para o paciente, mas é de extrema importância o auxílio de um profissional. Retirar espinhos não é uma tarefa fácil, as tesouras e bisturis deixamos para os cirurgiões, mas a dor e o sofrimento que pode ser transformado, porque não o fazer e deixar nosso jardim mais florido?
A clínica é composta de muitas flores, cada uma exala sua fragrância, cabe ao profissional ajudar ele decifrar o sabor que tem.
E ai um deles disse:
-Entendi, é como o girassol, quando iluminado, pois então ele cresce mais rápido e se movimentam em direção à luz, é isso?
Respondi, é isso mesmo, vamos trabalhar, e nos movimentar em direção a luz, mesmo em dias que tudo estiver nublado e cinza eles se viram uns para os outros buscando a energia em cada um. Não ficam murchos e nem de cabeça baixa. E assim eles e eu, trabalhamos nesse processo, que por muitas vezes é dolorido, mas que tem seu aroma e toda sua beleza, florescendo dia após dia.
Shaiane Hoffmann, Psicóloga Clínica CRP: 07/26365
Psicanalista em Formação pelo Instituto Távola de São Paulo
Realiza formação de Psicossomática pelo Instituto Távola de São Paulo